“ESTOU NA CONTRAMÃO, SOU UM SAMBISTA GAÚCHO!”
Shhh! Façamos silêncio. O compositor canta baixinho… Voz grave muito afinada. Dedilha o violão com suavidade – um jeito seu. Não imita ninguém como pudesse sugerir o imperativo acima.
Ita Arnold é compositor, violonista, cantor e filósofo de sarjeta com formação autodidata. Natural de Passo Fundo iniciou sua carreira musical lá pelo ano de 1971, na “Esquina do Perfume”, junto com os músicos Alegre Corrêa, Ronaldo Saggiorato, Raul Boeira e tantos outros.
Ita refere à influência especial dos amigos Alegre Corrêa, Raul Boeira, Cabeção e Bibi Marcolan em sua formação musical e em seu pensar poético filosófico.
A partir de 1980, Ita se apresentou numa série de espetáculos denominados “Som Brasil”, no teatro da universidade de Passo Fundo. Participou do Festival Universitário em duas edições em 1983 e 1984, em sua cidade natal. Também tocou MPB nos bares da Região do Planalto Médio Gaúcho e Região das Missões. Em 1986 começou a compor suas primeiras músicas em parceria com os amigos Raul Boeira e Paulinho Saggiorato. Posteriormente, mudou-se para Porto Alegre, tocando em bares e se apresentando em teatros.
Desde meados de 1990, Ita Arnold vem dedicando especial atenção às suas composições. Seu trabalho autoral tem influência da bossa nova, da marcha-rancho, do folclore gaúcho e tem o samba como pulsão vital! Entre seus parceiros estão Raul Boeira, Paulinho Saggiorato, Daniel Sá, Alexandre Florez, Sandro Dornelles, Rosane Arostegui, Bira Azevedo, Giovanni Mesquita, Dinho Oliveira, João Mayer, Renato Borba e Orestes Dornelles.
A música, em particular o samba, a arte como um todo ansiando expressar, quando não explicar o inconsciente do homem através do instante criativo do artista, entontece-no! Fã da filosofia e psicologia, discípulo dos pré e pós-socráticos – Ita (pedra em Tupi) – revela que os turbilhões da vida, lhe renderam inspiração para algumas canções de cunho filosófico e psicológico tais como “Dialética” e “Metaphísica”, ambas as parcerias com Alexandre Florez. Além da impagável parceria com Sandro Dornelles, “Filosofia Morada” e de “Psique”, um retrato do inconsciente, com Dinho Oliveira, Paulinho Saggiorato, Daniel Sá e Orestes Dornelles. “Quasar (Ser não Ser)”, com Renato Borba e Rosane Arostegui, também bebe na fonte da filosofia e da literatura.
Ita Arnold, compositor brasileiro, segue a trilha filosófica musical de João Gilberto e Rosa Passos.
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Sobre o movimento musical “ESQUINA DO PERFUME”
O amigo e parceiro Raul Boeira descreve essa época vivida na “Esquina do Perfume”, lá pelo ano de 1979, no bairro Cruzeiro em Passo Fundo, Rio Grande do Sul, Brasil.
“Não tinha erro. Era só subir a Coronel Pelegrine, lá pelas oito da noite. Na Esquina do Perfume, tinha o Feliz e o Gringo. Rodas de viola. Dezenas de violonistas apareciam por lá. O som era brasileiro. Talentos iam florescendo. As informações musicais vinham de todos os lados. Os discos de MPB, Chico, Gil, Caetano. Os discos de jazz, com aquelas escalas tortas. De mão em mão, os livrinhos de violão, com aqueles acordes complicados: as dissonantes.”
(Texto publicado em 19/06/1995 no jornal “O Nacional” de Passo Fundo, intitulado “Uma viagem pela história musical de Passo Fundo”).
CADÊ O ZEBU GENTE?
A frase é quase um manifesto, assim Ita anuncia sua chegada ao microfone. Sua composição brota do caldeirão do inconsciente coletivo, com um toque de peculiaridade, que se destina a todos que apreciam o exercício de estilo e tradição da Música Popular Brasileira. Criatividade! A arte nunca poderá prescindir certa dose de delírio, loucura, devaneio lírico… É toda graça da coisa!
“TERNOS VIOLINOS DA CHUVA REVOLUCIONÁRIA”
O universo em transe, o pensamento, a música em processo dialético. Quero dizer a música terna com suas melodias… A transformação, a revolução abrindo caminho para o povo ser feliz!
Sobre o disco “DIALÉTICA”
Na estrada mirabolante dos sonhos, Ita Arnold apresenta o seu primeiro disco com verve de pura Música Popular Brasileira, totalmente autoral. O disco “DIALÉTICA” conta com uma leva de músicos de primeira: Produção, direção musical, arranjos, violões, guitarras e vocal Daniel Sá, bateria Marquinhos Fê, baixo Ricardo Baumgarten, piano e teclado Michel Dorfman, flauta Pedrinho Figueiredo, acordeom Luciano Maia, trompete Jorginho do Trompete, violinos Rodrigo Bustamante e Omar Aguirre, viola Álvaro Aguirre, violoncelo Rodrigo Andrade Silveira.
O disco foi gravado no Estúdio DA CAPO em Porto Alegre de abril de 2007 a fevereiro de 2008 por Hílton Vaccari. Mixado e masterizado por Pedrinho Figueiredo. Arte gráfica Fernanda Bengert, foto da capa acervo familiar e fotos da contracapa Hílton Vaccari. Texto de apresentação do disco de autoria do músico e compositor Alegre Corrêa.
Alexandre Florez, Rosane Arostegui, Raul Boeira e Ita Arnold